Nem tanto ao céu, nem tanto à terra


Quando a gente entra no mundo da maternidade a gente se depara com muitas possibilidades, abordagens, e diria também desrespeito, principalmente na internet. Você lê altas discussões dos mais diversos assuntos, muitas vezes abordados de maneira inteligente (mesmo até eu não concordando com algum ponto de vista, admiro gente que sabe defender suas escolhas), como abordagens grotescas. As discussões vão de parto normal x cesária x natural (normal é diferente de natural, sabia?), mãe que trabalha fora x que não trabalha, amamentar x não amamentar, babá x escolhinha, e muito mais. Não acho que a gente deva concordar com tudo, mas que devemos ponderar, refletir, e fazer nossas escolhas, pensando sempre lá na frente, nos frutos que vamos colher.

Hoje eu quero falar aqui da tal da CC - Cama Compartilhada. Quem me conhece na net sabe que não sou adepta, é só ver que mobiliamos um quarto para os bebês com dois berços. No dia em que eles chegaram da maternidade foram colocados cada um no seu berço, no quartinho deles, e à noite com todas as luzes apagadas.
E comecei a ouvir: "Não deixe eles dormirem na cama de vocês, pois depois é difícil tirar, esses se acostumam e não querem voltar mais para o berço...". Ouvi de mães, avós, vizinhos, pediatra.
Até que... você tem dois bebês, levanta várias vezes à noite, amamenta no peito, tá o pó da rabiola, e quando é de manhã, depois de horas e horas sem dormir, descobre que colocá-los entre você e o marido vocês (4!) dormem o sono dos anjos. Fiz isso várias vezes quando eles eram bebês.
E quer saber? Continuaram dormindo no berço, não "viciaram" na cama do papai e da mamãe.
Passado o tempo, eles já dormindo melhor à noite, só coloco eles na minha cama quando estão doentes, em especial com febre, pois monitoro mais de perto. E muitas e muitas vezes eles continuam na cama deles, mesmo doentinhos, pois tem mais espaço, e percebo mais conforto. O Miguel em especial adora a cama dele, inclusive quando está doente, já a Rutinha se deixar "vicia" na nossa cama.
Aqui é que entrou uma situação especial:
As crianças estavam dormindo super bem na mini-camas deles, mas depois do falecimento da minha mãe em junho desse ano, a Rutinha começou a acordar à noite, chorando e pedindo a mamãe. Ficava meia hora, 40 minutos, 1 hora ao lado dela, e nada - ela continuava acordada na madrugada, segurando firmemente na minha mão ou na mão do pai.
Uma, duas, três noites... quem aguenta? Começava a chorar eu já levava ela para a minha cama. Ela simplesmente grudava em mim, segurava muito forte a minha mão, às vezes colocava a cabecinha no meu pescoço, parecendo um gatinho com frio, e dormia rapidamente.
Um dia ela acordou chorando, e eu perguntei:
- Filha, por que você chora à noite?
- Porque você vai embora...
Bingo! Ela perdeu a avó, estava com medo de perder a mãe.
Mais do que nunca, ao menor choro noturno dela eu rapidamente ia buscá-la, colocava ela na minha cama, beijava, abraçava, dizia "eu te amo, estou aqui, durma com o Papai do Céu". Dei para a minha filha o que ela estava precisando naquele momento especial da vida dela: se-gu-ran-ça.
Ela acordava as 23hs, depois passou a acordar as 2hs, depois as 3hs, depois as 5hs, e quando percebemos, ela já tinha voltado a dormir tranquilamente na cama dela. Essa fase da Ruteca de "CC" durou quase 2 meses.
Hoje, quase 4 meses depois da ausência da minha mamãe, Rutinha ainda acorda e quer ir para a nossa cama, mas com bem menos frequência, às vezes 1 vez na semana, às vezes 3 vezes na semana.
Hoje minha filhinha está mais feliz e segura

Continuo não sendo adepta da cama compartilhada, mas longe de mim criticá-la. Cansei de radicalismos, cansei de palpites.
Quero meus filhos seguros. Quero meus filhos felizes. Quero meus filhos com boa auto-estima. Quero (também) meus filhos educados e disciplinados.
Escolhas a gente se adapta, ou até muda, mas valores não, esses devem ser firmes. O resto, é resto.



6 comentários:

Dani Boiko Moreira disse...

Rô... adorei... falava sobre isso estes dias... de tanto ouvir evitei ao máximo colocar a pequena em nossa cama... e vivia só o pó... até o dia que descobri que colocando ela na cama eu dormiria muito melhor... Ela inicia o sono no bercinho, e se por acaso acordar na madrugada, levo pra nossa cama - ela dorme na hora! Parabéns pelo texto!

Marynna's blog disse...

Adorei o texto, no meu caso a letícia se acostumou e muito, só dorme se for na nossa cama, e dormimos + felizes rsrsrs porém cansados dos chutes, e do espaço que ela ocupa, mais eu sei que chegará uma fase que ela irá sair... e tbm a mãe (a mãe rs) gosta. parabéns pelo texto. um beijo

Thalita disse...

Concordo plenamente, é tanto radicalismo de como criar nossos filhos, que fico a chegar mega assustada.
No meu caso eles ainda tem 8 meses e NUNCA dormiram na nossa cama, mas se um dia for necessário, porque não??
Beijos na duplinha.
Thalita.

Denise disse...

Roberta, meus parabéns!! Passei horas na internet tentando encontrar vida equilibrada nos blogs. Cheguei a pensar em começar um blog, porque tudo o que eu encontrava tratava a maternidade como uma prisão, onde cada mãe se coloca voluntariamente como refém do seu filho.
Também sou mãe de gêmeos (Aurora e Miguel), hoje com 4 meses e eles sempre dormiram nos seus bercinhos. Esporadicamente eu colocava um deles na minha cama (o que estivesse chorando na hora), quando a crise passava, o bebê voltava para o bercinho.
Não dá pra ser intolerante e dizer "dessa água não beberei" e o mais importante, devemos saber respeitar opiniões diferentes que se baseiam em experiências diferentes!
Bjos e Deus os abençoe!

Roberta "Mimi" disse...

Meninas mamãe, muito obrigada pelos comentários e elogios!

Denise,
parabéns pela Aurora (princesa) e Miguel (assim como o meu, um anjo)!

Boa semana e que Deus também abençoe à todos!!
Bj...

Pâmela disse...

Oi Ro! Nossa não acredito que não tinha lido esse texto seu... Ano passado os blogs que eu costuma ler ficaram bem largadinhos, inclusive o meu rsrrs :/

Mas olha, adorei o texto e essa frase aqui resumiu perfeitamente o que penso e faço:

"Escolhas a gente se adapta, ou até muda, mas valores não, esses devem ser firmes. O resto, é resto."

É isso aí!
bjos

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