Férias de quem?


Junho do ano passado.


Fomos para um resort no nordeste. Um calor de 30 graus, dia lindo, céu azul. Era aproximadamente 10hs; eu, o maridex e nossos dois filhos entramos na brinquedoteca. Uma brinquedoteca pequena, com poucas opções de brinquedos, e ao lado, uma sala de TV ligada em um canal infantil.
Nesta sala tinha uma menina de cerca de 8, 9 anos, no máximo. Ela assistia ao desenho, olhar parado, jogada no puff. Meu marido entrou na sala e começou a brincar com nossos filhos, fazer graça com eles. Vi no rosto da menina um leve sorriso. Puxei conversa:
- Oi, tudo bem?
- Oi...
- Você não vai brincar com os monitores?
- Não quero...
- Por que você não vai na piscina?
- Não posso sair daqui sem meus pais ou os monitores...
- Ahhh, tá...

Saímos da brinquedoteca e fomos brincar nas piscinas e no parquinho.
Depois do almoço, descansamos um pouco no quarto e voltamos para a brinquedoteca. A mesma menina ainda assistia desenho, estava com a mesma roupa, era 14hs aproximadamente.
- Oi, tudo bem? Você não vai brincar?
- Não quero.
- Sei... você já almoçou?
- Já, com os monitores.
E não me aguentando, perguntei:
- Cadê seus pais?
- Não sei, acho que estão na praia.

Um aperto no coração...

Vivemos a geração dos terceirizados. De muitos pais que não conhecem seus filhos. De pais que não assumiram a responsabilidade e o privilégio de dar amor, carinho, companhia, amizade, disciplina, TEMPO para seus filhos. Pais que acham que a melhor escola, a melhor academia, a melhor babá poderá suprir as necessidades físicas e afetivas daquelas pequenas criaturas que eles colocaram no mundo. Pais que desconhecem o que é brincar na piscina infantil, no tanque de areia, que não sabem qual o medicamento certo que vão dar quando o filho está com febre, que quando levam seus filhos ao pediatra não sabem falar o que eles comem. Pais que acham que os filhos tem maturidade e autonomia suficiente para ficarem sozinhos ou nas mãos de desconhecidos.
Tiram férias do chefe, dos clientes, do trânsito, da preocupação de contas para pagar. Tiram férias dos filhos, afinal "eles precisam ter vida própria".

Sabe...amor não se terceiriza, pois vem de dentro, da alma...assuma agora esta nova vida com seus filhos. No final, não vamos querer ser terceirizados, vamos querer nossos filhos ao nosso lado. Não delegue não! O tempo passará rápido e não dá para recuperar depois! Viva com eles suas descobertas e seus medos, viva com eles suas alegrias e aquele joelho que foi ralado no chão. Viva a infância dos seus filhos, eles estão aqui, e agora.

Leiam também aqui uma reflexão muito boa.


1 comentários:

Isabela disse...

Oi Roberta, há 2 anos postei esse video no meu blog e falei sobre isso...
http://isa-caio08.blogspot.com.br/2012/09/pense-bem.html
Super concordo com você.
beijos

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